O Colapso do Coronelismo

(escrito por Ronald) O Estado é uma gangue onde a política do interior é o túmulo das ideias. Em tempos passados, quando ainda eram utilizadas as células de papel, havia muitos mortos que votavam. Hoje, com o voto eletrônico, o eleitor morre caso ele vote na oposição. No entanto, agora não é preciso morrer formalmente: você pode ter seu emprego prejudicado, atrapalhando seu modo de vida e subsistência. Pode ser mal falado por demonstrar opiniões contrárias aos colegas de trabalho comprometidos com a prefeitura local. As Câmaras do interior, boa parte do tempo são quietas e coniventes, porque não há estímulo: estar na elite da sociedade, mesmo que seja numa sociedade pobre e sem acesso à educação, saúde e empregos dignos… Ainda é melhor do que ser como o povo e estar tão oprimido quanto. O problema é que uma cidade politicamente e economicamente oprimida, dependente de subsídios estaduais e federais, sem uma economia própria e constantemente em déficit, cobra um preço alto a longo prazo. Uma das coisas mais tristes que ouvi em certa cidade foi ouvir de uma mãe que ela já se conformou com o fato de que a filha terá a mesma vida. A filha engravidou na mesma idade e o redor continua igual: sem saneamento, água de poço, sem ônibus, hospital, nem mesmo a maternidade para parir a nova criança. Da modernidade veio o tráfico, o TikTok e a cultura progressista, enquanto o analfabetismo, o trabalho infantil, o asfalto, a falta de energia nos levam novamente ao Brasil dos anos de cabresto. Apesar disso, observamos grandes propagandas das prefeituras do interior com fotos dos atuais eleitos, como se o futuro tivesse chegado ou estivesse prestes a chegar… E sim, é o futuro… Das suas campanhas. O eleito tem a máquina e precisa produzir o máximo de conteúdo para mostrar serviço. Utilizam músicas religiosas em postagens com semblante sério, como se houvesse um grande trabalho parlamentar, sendo que, na verdade, a produção de leis e reformas é pífia. Muitos de seus governantes (e agora, não só do interior) não sabem o que é a LOA, o PPA ou a responsabilidade fiscal. Veja que a Câmara, em poucas semanas, se tornará, em muitos aspectos, um grande comício para vereadores e prefeitos fazerem propaganda antecipada. É ano de eleição. É o tempo em que situação e oposição se movimentam. Com tudo isso, o interior é o túmulo das ideias e o Brasil é o túmulo das pautas. É um remendo parasita que utiliza qualquer ideologia de forma cínica para obter vantagens políticas e econômicas. Não à toa, existe um movimento para substituir boa parte dos antigos cargos públicos estatutários por contratos. Não por eficiência liberal, com a qual concordo que deveria haver, mas a motivação principal é fortalecer cada vez mais o poder político e sufocar os indivíduos, tornando o próprio emprego da oposição refém. Em outras palavras, para ser contratado, é necessário ser amigo do Estado, e para ser amigo do Estado, é preciso apoiar quem está eleito. O Estado nunca cortará em sua própria carne a diminuição do seu poder. A principal função da estabilidade no funcionalismo público é você não ser atingido por pressões políticas. É conveniente, nesse sentido, o Estado Coronel ser “liberal” na economia para entregar contratos como uma rifa para parentes e a quem for conveniente. No entanto, não é conveniente ao Estado Coronel abraçar a liberdade política e ser transparente com seus gastos, concentrar menos poder, deixar o processo democrático ocorrer normalmente, a separação do funcionalismo da política eleitoral e garantir a liberdade individual para apoiar ou deixar de apoiar quem quiser. A liberdade tem que ser inteira. O coronelismo levou à corrupção e ao abuso de poder, pois por muitos anos os líderes utilizaram recursos públicos para seus próprios benefícios, desviando verbas ou favorecendo seus apoiadores. Violando os princípios da liberdade individual, política e econômica. É importante buscar formas de combater e superar esse sistema para garantir uma sociedade mais justa e livre. Caso contrário, todas as lutas recentes serão para aumentar o poder violento do Estado e o colapso econômico eminente. LOA – LOA significa “Lei Orçamentária Anual” no orçamento público. É a lei que estabelece as receitas e despesas do governo para um ano específico. PPA – Plano Plurianual (PPA) é um instrumento utilizado pelo governo para estabelecer metas e programas a serem desenvolvidos ao longo de médio prazo, geralmente quatro anos, no orçamento público.

Por Que O Fraguismo É Uma Religião?

Vida, propriedade e liberdade. Olá. O objetivo deste curto trabalho é expor as razões pelas quais o Fraguismo se constituiu em religião. Para iniciarmos a compreensão do tema eleito, nos parece razoável que busquemos a definição do vocábulo “religião”. Não é surpresa a ninguém que a palavra “religião”, embora seja corriqueiramente utilizada, tenha consenso bastante difícil em torno de seu significado – seguramente, por conta da natureza transcendental do que a religião aborda. Então, escolhemos analisar o Fraguismo sob o lume da expressão dicionarizada do termo. Conforme consulta ao Dicionário Oxford Languages (o qual proporciona as definições de palavras adotadas pelo Google em Português Brasileiro) realizada nesta data, religião é: 1. crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência; 2. postura intelectual e moral que resulta dessa crença. Agora, para comparar com a definição, o nosso histórico fraguista. Quando estávamos nas primeiras reuniões que levaram à institucionalização do Fraguismo, percebemos que aquilo que nos unia superava conceitos econômicos, políticos e jurídicos, e constituía realmente uma crença. Enquanto coletividade, acreditamos no Criador, sobrenatural, embora enxerguemos com absoluto respeito aqueles que não compartilham de nossa visão. Também acreditamos no Princípio da Não-Agressão (PNA) como norma fundamental a nortear as relações humanas. Desse poder (o Criador) e desse princípio (o PNA) acreditamos que dependam o destino do ser humano, e a eles devemos respeito e obediência. Contudo, quando dizemos que “o destino do ser humano depende”, não enxergamos uma estática relação de causa e efeito entre o Criador e as criaturas, ou seja, nós. Ao contrário, não somos fatalistas. O que queremos dizer é que as dinâmicas da vida de quem respeita o PNA acontecem de forma mais natural, pois é dele que decorrem todos os direitos que norteiam o bom viver, como à Vida, à Propriedade e à Liberdade. Acerca da segunda definição proposta (“postura intelectual e moral que resulta dessa crença”), está o nosso senso de comunidade. Intelectualmente, nos reunimos regularmente, para, com alegria, compartilharmos nossas visões e os resultados de nossos esforços em prol da nossa comunidade. Discutimos os temas que nos são caros, como os nossos Princípios Fundamentais, e também formas de que nossa comunidade mantenha sua vivacidade e união. Para nosso contínuo aperfeiçoamento, estabelecemos o Curso de Formação Fraguista, que visa compartilhar com nossa comunidade o conhecimento do que nos levou a pensar como pensamos e a ser como somos. Moralmente, retomamos o respeito pelo PNA sempre, como balizador das decisões mais corriqueiras e régua para os julgamentos mais difíceis. Como comunidade comprometida com o PNA, também nos apoiamos – estimulamos negócios entre nós e o nosso crescimento conjunto. Fielmente acreditamos que seja desejável apoiar iniciativas e dar oportunidades aos compromissados com o PNA, e é o que fazemos, e, quando nos mantemos unidos, somos mais fortes. Ainda quanto aos nossos aspectos primeiros enquanto religião, é de se notar que nós não fazemos apologia ou culto a Daniel Fraga. Com efeito, da mesma forma que os luteranos não cultuam a Lutero e os calvinistas não cultuam a Calvino, e, também, os anglicanos não cultuam ao rei da Inglaterra, os fraguistas não cultuam a Fraga. O papel de Fraga na nossa instituição é de inspirador, de alguém que enxergamos como disseminador de conhecimento sobre o PNA. De fato, entre nós, não há e não é estimulada adesão cega a tudo a que Fraga prestou homenagem. Não há tentativa de convencer ninguém a adorar a Fraga. Ele nos serve como recordação de que o PNA existe e é possível viver por ele, mas é um ser humano como nós, com defeitos e qualidades, e, institucionalmente, é enxergado exatamente em tal condição. Por serem nossos diálogos sempre bastante francos, o entendimento conjunto do que compartilhávamos nos levou a uma profunda reflexão, e entendemos éramos uma religião, e deveríamos nos organizar como tal – e o fizemos. Os caminhos da vida religiosa não são fáceis, mas temos superado os desafios que se apresentam, e crescemos no processo. Podemos dizer que, hoje, estamos melhor que ontem, e temos a firme convicção de que um futuro auspicioso nos aguarda. Esperamos que as explanações tenham sido proveitosas. Vida, propriedade e liberdade.

Como o Fraguismo Concebe Deus?

Vida, propriedade e liberdade. Olá. No seio de nossa comunidade, eventualmente surgem diálogos abordando os aspectos teológicos da nossa organização fraguista. Entre tais temas, que domesticamente chamamos “questões religiosas”, há um que é especialmente profílico em suas aparições: como o Fraguismo concebe Deus? Nos parece que, para responder a essa questão de forma satisfatória, é necessário (e deve ser feito antes) efetuar alguns apontamentos sobre o Teísmo. “Teísmo”, como é corrente, é o termo referente à doutrina que afirma que Deus existe, e, mais, que atua no mundo de forma eficiente, conforme seus desígnios. Ser teísta, portanto, é uma posição que pode ser desdobrada em duas afirmações: 01. “Deus existe”; e 02. “Deus atua no mundo (de forma eficiente)”. Quanto à primeira afirmação (“Deus existe”), a resposta é a de que o Fraguismo concebe a existência de Deus. Os argumentos teológico-filosóficos para tal afirmação são muitos, e se renovam e se acrescentam a cada vez em que temos nossas carinhosas discussões a respeito, passando pelas Cinco Vias de São Tomás de Aquino e as três provas “a priori” de René Descartes. Isto quando estamos apenas nos argumentos, digamos “racionais” – que são dispensáveis “in totum” quando a fé individual comprova plenamente a existência de Deus. A respeito da segunda afirmação (“Deus atua no mundo(…)”), a resposta é a de que o Fraguismo reconhece que Deus (cuja existência já foi reconhecida) atua no mundo. A respeito dessa atuação, nossas argumentações fraguistas são mais, digamos, “discretas”, e a “atuação inteligente” (voluntária) de Deus é bastante citada no contexto de sua existência: “Deus existe, porque fez (…)”. É compreensível que seja assim, pois a simples procura pela expressão “Deus atua no mundo” no buscador do Google dá mais de duas mil e quinhentas respostas! É interessante notar como a “questão religiosa” da existência de Deus é bastante presente em nossa comunidade, e, inclusive, possui uma decorrência citada por todo Fraguista, quando, em seu momento solene, inicia a Oração Fraguista com a afirmação de que “pelo desejo do nosso Criador, nascemos todos livres”. Ora, se nascemos todos livres “pelo desejo do nosso Criador”, é porque o nosso criador (que existe) desejou (ou seja, teve vontade e norteou sua atuação eficiente) para que assim fosse. A a Oração Fraguista segue: “nosso direito, imutável pela vontade humana, é o natural”. A Oração reflete nosso entendimento: o Direito Natural é imutável pela vontade humana, pois é dádiva do Criador (que existe, e atua). E, além da Oração Fraguista, é possível encontrar traços da mesma inteligência na Oração de Início da Ágora Fraguista, quando informa que “somos todos iguais e nossos direitos vêm do nosso Criador”. Perceba-se, também, que o Fraguismo é uma religião monoteísta (uma outra “questão religiosa” sobre a qual os fraguistas gostam de se debruçar); afinal, nascemos todos livres “pelo desejo do nosso Criador”, e não “dos nossos Criadores”, conforme a Oração Fraguista, que já citamos. Bem, tendo essas “questões religiosas” bem pontuadas, é importante esclarecer o uso do termo “Criador” como referência a Deus. Nosso objetivo aqui foi o de preservar o íntimo da fé que deve se manter individualizado, vivente e em harmonia com o próprio coração do fiel. Como comunidade, reconhecemos duas coisas: a primeira é o fato de não termos todas as respostas; a segunda é a verdade de que “a menor minoria na Terra é o indivíduo” (Rand). Assim, optamos por nomear, coletivamente, “aquele que Cria”, à entidade fundamental. Nada impede, entretanto, que fraguistas que compartilhem visões religiosas de forma mais específicas se unam em linhagens, entrelaçando tais visões com nossos Princípios Fundamentais. A pontuação final que desejamos fazer é que o Fraguismo não deixa de acolher e dar guarida e voz para aquele que nos procurar, mesmo que seja ateu ou ainda esteja buscando entendimento, caso ele respeite e tenha compromisso com nossos Princípios Fundamentais (Não-Agressão, Lei Natural, Propriedade, Liberdade, Voluntariedade, Boa-Fé, Responsabilidade pelas Escolhas Individuais, Atividade Produtiva e Comércio). O Fraguismo considera que essas pessoas, embora não compartilhem a crença em Deus, possuem muito a compartilhar, e podem encontrar na nossa comunidade um espaço em que esteja, discutam, aprendam, ensinem, cresçam e criem laços, encontrando e vivendo seu caminho. Além de acolhidas, não serão julgadas pela forma como pensam, mas sim por suas palavras e atitudes – que podem conduzir ao desempenho de trabalhos de importância e ao reconhecimento pelos membros de nossa comunidade, inclusive. Esperamos que as explanações tenham sido proveitosas. Vida, propriedade e liberdade.